Passa rápido, não?
2009 vai ficando pra trás. Um ano de muitas vitórias, experiências incríveis, entre elas uma em especial. O intercâmbio, que há anos estava na dimensão dos planos futuros, hoje é realidade. E essa é, sem dúvidas, a maior conquista deste ano. Feito este que não conseguiria sem o auxílio de minha família.
Obrigado mãe e pai, por incentivar e por despertar outros valores, de batalha, determinação e perseverança, mas também de coletividade e sensibilidade. Aos irmãos, devo a estabilidade emocional e a forte amizade, essenciais para estar onde estou. Uma homenagem especial a Danilo e Felipe.
Esse ano seguiu a tradição de ser o "melhor ano de minha vida". Espero que os seguintes assim o sejam. Para 2010 os planos são ainda mais ousados. Apenas posso garantir dar tudo de mim para executá-los.
Se sonhares, sonha mais alto!
Desejo um 2010 de muita luta e de muito suor a todos, pois só assim alcançamos nossos objetivos. São meus votos mais sinceros, direto de Hamburgo, Alemanha.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Novos valores para 2010
Uma pequena mensagem de final de ano. Que a utopia nunca esmoreça!
Abertura da MISSA DA TERRA SEM MALES, de D. Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra, complementada por NOVO AMANHECER, de Manezinho Araújo. Inspirada por idéia de Rolando Boldrin, no disco VIOLEIRO.
Em nome do Pai de todos os povos
Maíra de tudo, excelso Tupã
Em nome do Filho
Que a todos os homens nos faz ser irmãos
No sangue mesclado com todos os sangues
Em nome da aliança da libertação
Em nome da luz de toda cultura
Em nome do amor que está em todo amor
Em nome da terra sem males
Perdida no lucro, ganhada na dor
Em nome da morte vencida
Em nome da vida
Cantamos, Senhor!
Eu jogo estrelas em cada noite escura
E na garganta ponho sempre uma canção
Nas auroras do meu peito há só ternura
A cada arrimo do amigo eu dou a mão
Entre as pedras do caminho eu planto flores
E faço luz se se faz escurecer
Sonho bonança, vivo esperança
O sol se abrindo para um novo amanhecer
O amor há de brotar, há de vingar e florescer
A paz há de reinar, há de espalhar o bem querer
O mundo mudará, nós temos que convir
É só viver o amanhã que há de vir
Abertura da MISSA DA TERRA SEM MALES, de D. Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra, complementada por NOVO AMANHECER, de Manezinho Araújo. Inspirada por idéia de Rolando Boldrin, no disco VIOLEIRO.
Em nome do Pai de todos os povos
Maíra de tudo, excelso Tupã
Em nome do Filho
Que a todos os homens nos faz ser irmãos
No sangue mesclado com todos os sangues
Em nome da aliança da libertação
Em nome da luz de toda cultura
Em nome do amor que está em todo amor
Em nome da terra sem males
Perdida no lucro, ganhada na dor
Em nome da morte vencida
Em nome da vida
Cantamos, Senhor!
Eu jogo estrelas em cada noite escura
E na garganta ponho sempre uma canção
Nas auroras do meu peito há só ternura
A cada arrimo do amigo eu dou a mão
Entre as pedras do caminho eu planto flores
E faço luz se se faz escurecer
Sonho bonança, vivo esperança
O sol se abrindo para um novo amanhecer
O amor há de brotar, há de vingar e florescer
A paz há de reinar, há de espalhar o bem querer
O mundo mudará, nós temos que convir
É só viver o amanhã que há de vir
Amazon.de - Compras virtuais
Final de ano chegando, aparecem algumas promoções imperdíveis nos sites de compras do mundo inteiro. Em função do elevado volume de pedidos, algo pode dar errado.
Foi o que aconteceu comigo. Comprei uma máquina fotográfica no Amazon.de há 20 dias, junto com cartão de memória e capa. Cada item é comprado em separado e enviado pela respectiva empresa. A capa chegou, o cartão de memória voltou para os armazens da ASBERO (empresa) e a máquina foi dada como entregue, sem ter sido.
Quem mora numa residência universitária na Alemanha vai estranhar, mas é comum que os correios entreguem o produto a um vizinho, caso você não seja encontrado em casa. Há uma forte presunção de "familiaridade" entre o comprador e os 140 moradores do alojamento (meu caso).
Há uma semana, já chateado com atraso no recebimento dos produtos, escrevi ao serviço do consumidor da Amazon.de. Me informaram que a câmera foi entregue a uma pessoa cujo nome sequer consta na lista de moradores da residência (tinham inclusive a assinatura do camarada). Alguma coisa não correu como esperado; a máquina foi entregue no endereço errado e alguém a recebeu por mim. Em estando noutro país, com outra língua, fiquei receoso de estar numa situação de prejuízo irreparável.
Um conselho é sempre refletir sobre o que ocorreu e nunca ficar calado. Respondi ao e-mail em inglês, bastante agressivo, criticando esse sistema de entrega aos vizinhos e deixando bem claro que não pretendia ficar passivo. Por fim, perguntei como faria para receber o produto adquirido e já pago.
Não teve outra. No dia seguinte responderam pedindo desculpas e confirmando novo envio da máquina fotográfica. Pediram apenas que, caso receba duas, devolva uma delas. Meu caso foi com uma câmera fotográfica, mas isso pode se passar com qualquer coisa, em qualquer país.
E nesses casos, baixar a cabeça nunca é a melhor solução. Tá dada a dica.
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Neuengamme Konzentrationslager (KZ)
Já de volta em Hamburg, sou recebido por um lindo dia de sol, muito embora bastante frio. Reservo a tarde para conhecer o campo de concentração de Neungamme, que fica numa cidade vizinha a Hamburg - Bergedorf. Um passeio impressionante, em função de toda a história que o local carrega consigo. Os filmes de Hollywood ajudam a pintar um quadro do que seriam essas instalações. Porém, não há nada como conhecer uma pessoalmente, e sozinho.
Hamburg não possui muito monumentos sobre a Segunda Grande Guerra. A cidade foi completamente destruída por bombardeios no verão de 1943 pela Royal Air Force britânica, inclusive o KZ Neuengamme. E quando digo completamente, quer dizer literalmente. A cidade era proeminente na economia de guerra (Kriegswitschaft) instaurada pelo Reich alemão e representava uma ameaça aos aliados.
Em 1940 foi construído o KZ em Neuengamme, a bons 20 km de Hamburg, o que garantia sigilo com relação ao que ali se passava e proximidade com ametrópole, para diversos fins. Possui aproximadamente 20 km² de área, que incluía a prisão, enfermarias, duas fábricas de armamento, alojamentos das SS, dois crematórios e um caminho de ferro exclusivo. Durante seu funcionamento, albergou 106 mil prisioneiros, dos quais aproximadamente metade morreram.
O local é hoje pacífico, solene, silencioso (ouvindo-se apenas o barulho de alguns carros distantes). Resta em meio a campos de agricutlura e um complexo de moinhos eólicos. Não possui muros delimitadores, apenas estacas de metal em todo o seu contorno. Das prisões em restaram apenas dois blocos, havendo os outros sido destruídos durante os bombardeios.
No lugar dos crematórios encontram-se monumentos de lembrança aos que faleceram. Já as fábricas estão em perfeito estado, havendo inclusive máquinas usadas à época. Estima-se que 400.000 detentos tenham sido submetidos a trabalhs forçados em Hamburg, inclusive em Neuengamme. Nas suas fábricas eram produzidos rifles e pistolas para as frentes de guerra.
Com o fim do conflito, o campo foi administrado pelo Reino Unido, que mais tarde devolveu ao Estado Alemão. Hoje alberga arquivos de diversos museus da Alemanha e uma fundação que busca manter viva a lembrança do que foi feito durante a guerra.
Um local pouco divulgado e escassamente visitado, mas de visitação imprescindível para todos que habitam em Hamburg e procuram saber mais sobre a história da cidade.
Hamburg não possui muito monumentos sobre a Segunda Grande Guerra. A cidade foi completamente destruída por bombardeios no verão de 1943 pela Royal Air Force britânica, inclusive o KZ Neuengamme. E quando digo completamente, quer dizer literalmente. A cidade era proeminente na economia de guerra (Kriegswitschaft) instaurada pelo Reich alemão e representava uma ameaça aos aliados.
Em 1940 foi construído o KZ em Neuengamme, a bons 20 km de Hamburg, o que garantia sigilo com relação ao que ali se passava e proximidade com ametrópole, para diversos fins. Possui aproximadamente 20 km² de área, que incluía a prisão, enfermarias, duas fábricas de armamento, alojamentos das SS, dois crematórios e um caminho de ferro exclusivo. Durante seu funcionamento, albergou 106 mil prisioneiros, dos quais aproximadamente metade morreram.
O local é hoje pacífico, solene, silencioso (ouvindo-se apenas o barulho de alguns carros distantes). Resta em meio a campos de agricutlura e um complexo de moinhos eólicos. Não possui muros delimitadores, apenas estacas de metal em todo o seu contorno. Das prisões em restaram apenas dois blocos, havendo os outros sido destruídos durante os bombardeios.
No lugar dos crematórios encontram-se monumentos de lembrança aos que faleceram. Já as fábricas estão em perfeito estado, havendo inclusive máquinas usadas à época. Estima-se que 400.000 detentos tenham sido submetidos a trabalhs forçados em Hamburg, inclusive em Neuengamme. Nas suas fábricas eram produzidos rifles e pistolas para as frentes de guerra.
Com o fim do conflito, o campo foi administrado pelo Reino Unido, que mais tarde devolveu ao Estado Alemão. Hoje alberga arquivos de diversos museus da Alemanha e uma fundação que busca manter viva a lembrança do que foi feito durante a guerra.
Um local pouco divulgado e escassamente visitado, mas de visitação imprescindível para todos que habitam em Hamburg e procuram saber mais sobre a história da cidade.
Natal na Suíça
Com o Natal se aproximando, o destino não poderia ter sido diferente: família. O fato de estarem na Suíça apenas tornas as coisas mais interessantes.
Meu voo para Genebra (Genf, em alemão) partiu depois de uma hora de atraso, em função da nevasca que fustigava a cidade. O avião precisou ser descongelado (de-iced), para que pudesse seguir. Já em Genebra, me encontrei com tia Goreti, meu primo Joel e sua namorada Rosanne. Juntos saimos à descoberta dessa cidade maravilhosa, debaixo de agradáveis 14 graus de temperatura.
A mais internacional das vilas suíças, Genf possui pouco mais de 200 mil habitantes (a Suíça inteira tem sete milhões). É a sede de diversos órgãos internacionais, particularmente a Cruz Vermelha Internacional e organizações como a internacional do Trabalho, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, tendo as próprias Nações Unidas aí um palácio.
É cortada pelo rio Rhône e encrustada no lado sul do lago Lemán. O rio é de um verde cristalino e o lago imenso, como um oceano. É também a cidade natal de um ilustre cidadão: Jean-Jacques Rousseau. A arquitetura é marcada por cores claras, bege e branco, ao contrário de Hamburg, o que a torna ainda mais bela. Por todos os lados há joalherias com os famosos relógios e canivetes suíços - um orgulho nacional.
Já em Sierre, cidade de tia Goreti, pude rever Alain e meu outro primo, Pablo. Fomos em busca de uma árvore de Natal e descobrir um pouco mais de Sierre. Fica no interior da Suíça, em meio aos Alpes, na região de Valais. Está a alguns minutos das mais famosas estações de esqui da Suíça e da Europa, como Crans-Montana, onde Roger Moore tem residência fixa.
Foi exatamente aí onde esquiei pela primeira vez. A preparação é complicada: ajustar esqui, vestir todas as roupas a prova de vento, noções básicas etc. Mas uma vez esquiando, a sensação é incrível! Claro que fiquei na pista junto com as crianças de 3 anos, mas e daí? Depois de rápidos avanços, passamos no segundo dia para uma pista profissional, a de Aminonah. Essa me quebrou todo. Demasiado inclinada, exigia movimentos rápidos e um equilíbrio fora do comum. Uma senssibilidade que se adquire com tempo, tempo este que não tive.
A noite de Natal passamos com a família de Alain, num típico casebre das montanhas - aconchegante e belamente decorado, com uma vista incrível para os Alpes. As aldeias ao topo parecem jóias, pequenas gemas. Um momento inesquecível.
E como o tempo não pára, já estou de volta em Hamburg, planejando o Silvester/Reveillon e programando as futuras aventuras em solo europeu.
Novamente, Feliz Natal a todos!
Meu voo para Genebra (Genf, em alemão) partiu depois de uma hora de atraso, em função da nevasca que fustigava a cidade. O avião precisou ser descongelado (de-iced), para que pudesse seguir. Já em Genebra, me encontrei com tia Goreti, meu primo Joel e sua namorada Rosanne. Juntos saimos à descoberta dessa cidade maravilhosa, debaixo de agradáveis 14 graus de temperatura.
A mais internacional das vilas suíças, Genf possui pouco mais de 200 mil habitantes (a Suíça inteira tem sete milhões). É a sede de diversos órgãos internacionais, particularmente a Cruz Vermelha Internacional e organizações como a internacional do Trabalho, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, tendo as próprias Nações Unidas aí um palácio.
É cortada pelo rio Rhône e encrustada no lado sul do lago Lemán. O rio é de um verde cristalino e o lago imenso, como um oceano. É também a cidade natal de um ilustre cidadão: Jean-Jacques Rousseau. A arquitetura é marcada por cores claras, bege e branco, ao contrário de Hamburg, o que a torna ainda mais bela. Por todos os lados há joalherias com os famosos relógios e canivetes suíços - um orgulho nacional.
Já em Sierre, cidade de tia Goreti, pude rever Alain e meu outro primo, Pablo. Fomos em busca de uma árvore de Natal e descobrir um pouco mais de Sierre. Fica no interior da Suíça, em meio aos Alpes, na região de Valais. Está a alguns minutos das mais famosas estações de esqui da Suíça e da Europa, como Crans-Montana, onde Roger Moore tem residência fixa.
Foi exatamente aí onde esquiei pela primeira vez. A preparação é complicada: ajustar esqui, vestir todas as roupas a prova de vento, noções básicas etc. Mas uma vez esquiando, a sensação é incrível! Claro que fiquei na pista junto com as crianças de 3 anos, mas e daí? Depois de rápidos avanços, passamos no segundo dia para uma pista profissional, a de Aminonah. Essa me quebrou todo. Demasiado inclinada, exigia movimentos rápidos e um equilíbrio fora do comum. Uma senssibilidade que se adquire com tempo, tempo este que não tive.
A noite de Natal passamos com a família de Alain, num típico casebre das montanhas - aconchegante e belamente decorado, com uma vista incrível para os Alpes. As aldeias ao topo parecem jóias, pequenas gemas. Um momento inesquecível.
E como o tempo não pára, já estou de volta em Hamburg, planejando o Silvester/Reveillon e programando as futuras aventuras em solo europeu.
Novamente, Feliz Natal a todos!
sábado, 19 de dezembro de 2009
Hopenhagen?
É oficial. A cimeira de Copenhagen encontrou seu fim da maneira mais tímida possível. Não seria demais falar em um fracasso retumbante.
Depois de duas semanas de negociações, os represetantes dos 193 países do mundo não conseguiram em momento algum alcançar consenso, especialmente no momento de elaboração do documento final - o "Copenhagen Accord".
O resultado? Uma mera declaração de intenções, sem nenhuma força obrigatòria, sem coercibilidade. Sabemos como é sensível essa questão da obrigatoriedade nos acordos internacionais, mas a falta de responsabilidade quanto à questão ambiental é estarrecedora. Além disso, o principal objetivo da COP 15 era elaborar um acordo politicamente vinculante. Se não conseguiu, falhou.
Chegamos ao "Zwei-Grad-Ziel", ou objetivo dos dois graus, segundo o qual os países se comprometeram a evitar o aquecimento do planeta em dois graus até 2020. Mas dizer que vamos evitar que a Terra aqueça 2 graus, sem especificar os meios pelos quais o faremos é o mesmo que não pretender nada.
Foi isso e o fundo de 100 bilhões de dólares para os países pobres. Fundo este para o qual o Brasil irá contribuir, enquanto quarto maior poluidor do mundo. Essa foi a principal contribuição dos EUA para a cimeira, que na hora de doar é bem mais eficiente que ao assumir responsabilidades. Comprometer-se com a retribuição financeira do prejuízo a posteriori é mais fácil do que assumir responsabilidades a priori. É a inversão daquela velha e conhecida máxima do mais vale prevenir de que remediar. Claro que a proposta foi acatada imediatamente pela UE e pelo Japão.
O que ficou bem claro é que os interesses privados nacionais prevaleceram novamente diante do interesse coletivo. A questão é: até quando? Enquanto isso, vamos preparando essa nova geração, que a batalha vai ser grande.
É... parece que "Hopenhagen" não vingou.
Nathan, der Weise
Quinta-feira, dia 17, assisti a uma peça de teatro no tradicionalíssimo Thalia Theater, centro agitado de Hamburg (entre a Rathaus e a Hauptbahnhof - Estação de Trens). O teatro é magnífico, com três lances de galerias, lembrando ao longe o Santa Rosa, em João Pessoa. A acústica é perfeita e o palco não deixa nada a desejar.
O valor da entrada varia conforme a peça. Para estudantes, geralmente custa 5,50 euros, valor extremamente em conta, haja vista os preços de outras atividades culturais em Hamburg (uma entrada pra cinema custa 7 euros e 50). E depois, só em apreciar a arquitetura do teatro, já veleu a pena.
A peça era "Nathan, o Sábio", escrita em 1779 pelo renomado autor alemão Gottholf Ephraim von Lessing. Antes de ir, procurei saber um pouco sobre a mesma, já que o alemão antigo (Altdeutsch) revela-se difícil até mesmo para os prórpios tedescos. Mas não adiantou muito. Conseguia pegar palavras soltas, mas concatená-las e dar-lhes sentido, isso me pareceu impossível para quem está aprendendo alemão. Essa foi a impressão geral de todos que foram comigo.
Uma obra crítica, escrita nos últimos anos de vida de Lessing. Marcada pelo discurso da tolerância religiosa em tempos de amplas restrições por parte da igreja católica, a peça colocou Lessing contra a mesma. Tem lugar em Jerusalém, no ano de 1192, com três personagens principais: um judeu, um cristão e um mulçumano, na tentativa de questionar a intolerância.
O modo como foi adaptada nesta apresentação é que surpreendeu. Havia duas dimensões, sendo uma para os três personagens acima e outra para personagens atuais (que vestiam roupas atuais). O palco mudava a cada ato, com uma dinâmica riquíssima. A estética teatral e a performance dos atores me impressionaram bastante. A duração foi de duas horas e meia. Outra experiência única em Hamburg!
Depois, sob neve forte, fomos a mais um mercado de Natal, refletir um pouco sobre a mensagem da noite e tomar uma sopa picante de feijão (que fazia tempo que eu não comia por aqui).
Um forte abraço!
Aniversário de uma pessoa querida - Natal
A universidade já entrou em recesso de Natal; os estudantes intercambistas, em sua esmagadora maioria, já retornaram para suas casas; a cidade mergulha num clima profundo de Natal, acompanhado de muita neve e frio, de um jeito que nunca tinha presenciado antes.
E com isso vem a nostalgia, que chega dentro do tempo esperado. Dentro em pouco farão três meses distante de casa.
Não há como não lembrar da família e, em especial, de uma aniversariante importante. Todos os anos a família se reúne em torno de Vóvó Teresinha para celebrar seu aniversário e o Natal antecipado. Um momento ímpar junto daqueles que estão sempre ali quando se precisa.
Desta vez, serão comemorados incríveis 80 anos de muita vitalidade e muito amor. Um marco que torna esse momento ainda mais único.
Este dia 21 de dezembro estarei noutro hemisfério do planeta. Todavia, faço-me presente em espírito em mais um aniversário daquela que, com espontaneidade e carisma, consegue o feito de manter a família unida.
Esta mensagem é para você, vóvó Teresinha, a Sábia! Feliz aniversário! E que este seja mais um ano fazendo o que a senhora consegue com perfeição: trazer felicidade a bisnetos, netos, filhos, noras, genros e a todos que estão ao seu lado.
Feliz Natal a todos!
E com isso vem a nostalgia, que chega dentro do tempo esperado. Dentro em pouco farão três meses distante de casa.
Não há como não lembrar da família e, em especial, de uma aniversariante importante. Todos os anos a família se reúne em torno de Vóvó Teresinha para celebrar seu aniversário e o Natal antecipado. Um momento ímpar junto daqueles que estão sempre ali quando se precisa.
Desta vez, serão comemorados incríveis 80 anos de muita vitalidade e muito amor. Um marco que torna esse momento ainda mais único.
Este dia 21 de dezembro estarei noutro hemisfério do planeta. Todavia, faço-me presente em espírito em mais um aniversário daquela que, com espontaneidade e carisma, consegue o feito de manter a família unida.
Esta mensagem é para você, vóvó Teresinha, a Sábia! Feliz aniversário! E que este seja mais um ano fazendo o que a senhora consegue com perfeição: trazer felicidade a bisnetos, netos, filhos, noras, genros e a todos que estão ao seu lado.
Feliz Natal a todos!
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Kopenhagen - Ainda há esperança (?)
Como todos sabemos, vem ocorrendo há mais de uma semana a Cimeira do Clima em Kopenhagen - COP 15. A cobertura que a imprensa alemã tem feito, no entento, é vergonhosa, chegando mesmo a ser uma não-cobertura. As manchetes políticas nacionais ofuscam completamente a Cimeira.
Mesmo assim, tenho procurado me manter atualizado no tocante às discussões e ao andamento em geral do evento. Lembro-me bem quando, em janeiro deste ano, no Fórum Social Mundial, foi diversas vezes mencionada a Cimeira. Um momento decisivo, de compromisso amplo e ilimitado dos Estados. A realidade, porém, é bem mais cruel.
Entre os jornais alemães de maior circulação nacional, figuravam algumas reportagens. O Tageschau fala em "Nervosität, Anspannung und wenig Fortschritt" (Nervosismo, Tensão e poucos avanços). Na mesma linha, o Spiegel pinta um cenário de fracasso total antecipado da COP 15, com a reportagem "Copenhagem está no fim". O Die Welt dedicou ma página inteira para se divertir com as declarações do Instituto de Estudos Climáticos de Potsdam, de que as mudanças climáticas também contribuíram para o massacre no Sudão. O Die Zeit, maior jornal alemão, segue a mesma linha de pessimismo, com reportagens superficiais sobre Copenhagen.
Um dos principais motivos pelo qual as negociações não tem resultado é a fuga das responsabilidades. Os países do terceiro mundo transferem a culpa aos países industrializados e aguargam por medidas, para então iniciarem as suas. O hemisfério norte reconhece as críticas do sul e promete ajudas na ordem dos bilhões de euros aos países subdesenvolvidos, para que estes combatam as mudanças climáticas. A UE vai doar 8 bilhões de euros para exclusivamente para esse fim a diversos países africanos. A quem pretendem enganar?
Os EUA, responsáveis por maisde 25% das emissões do planeta, prometem reduzir em 15% as mesmas até 2015. Alguém acredita nisso? Lula também já se posicionou e prometeu reduções dentro do prazo dado pela conferência. O Brasil é um dos maiores poluidores do mundo (o quarto, acredito) e 50% dos gases estufa que jogamos na atmosfera vêm da pecuária. É uma praga mesmo... demanda latifúndios enormes, polui mais que qualquer indústria e é a principal causa de desmatamento da floresta amazônica. Seria possível falar em consciência ambiental no Brasil, quando uma empresa brasileira é a maior vendedora de carne bovina do mundo? E a China, então... essa nem se fala. Sabe criticar os EUA mas não olha pro próprio umbigo.
Os burocratas têm mais 48 horas para se dedicarem a construir algo sério. A partir de amanhã (16.12.2009) começam a chegar os chefes de Estados cujos ministros de meio ambiente já participam das dicussões desde o início. Até o Papa já se pronunciou. Só falta aqueles que têm o poder de decidir alguma coisa.
Daqui, da Universidade de Hamburg, saiu um grupo de 15 estudantes para a Cimeira. Participaram de algumas discussões e conversaram pessoalmente com o representante do governo brasileiro na COP 15 e com alguns estudantes de outros países. Ao que contam, os estudantes chineses são os mais complicados, vez que se expressam nas mesmas palavras ditas por Hu Jintao, ao criticar os EUA e demais países desenvolvidos.
Nesse ritmo, seguem os trabalho na COP 15. A sociedade alemã completamente alheia a tudo o que está sendo discutido. Agora me pego imaginando como estará a sociedade brasileira com relação a esse evento.
Já sabíamos que uma cimeira não iria mudar o mundo. Mas, depois de vinte dias de reuniões, não produzir nada de concreto, isso eu não esperava.
Como li num panfleto de rua: "alle reden vom Klima. Wir nicht!"
Vejamos!
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Neve
Hoje nevou.
Timidamente, mas nevou. A cidade amanheceu com o manto branco, embora de pouca espessura, e durante o dia nevou diversas vezes.
A temperatura esteve abaixo de zero durante um bom tempo. O lago da residência e a fonte da universidade congelaram.
Isso pra mim também é novidade.
Timidamente, mas nevou. A cidade amanheceu com o manto branco, embora de pouca espessura, e durante o dia nevou diversas vezes.
A temperatura esteve abaixo de zero durante um bom tempo. O lago da residência e a fonte da universidade congelaram.
Isso pra mim também é novidade.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Lunaburg e Praia do Elba
Quem achava que Hamburg não tem praia? Bom, na verdade, eu. Mas semana passada fui à praia fluvial do Elba. Não difere em nada de uma praia marítima - até as ondas e o barulho característico têm (por conta dos navios que atravessam o rio). Não fosse o frio...
Essa aqui é na cidade vizinha de Lünaburg. Fica a aprox. 50 km de Hamburg e os estudantes podem viajar de graça, ou melhor, portando o Bilhete Semestral (Semesterticket) que compram no início do an letivo. Esse bilhete garante acesso a todos os melios de transporte no Estado de Hamburg - ônibus, metrô, trem e barco.
Lünaburg é a cidade natal de Niklas Luhmann e possui um mercado de Natal incrível. Parece uma vila cinematográfica. Foi muito rica no passado com a exportação de sal - por isso, membro da Liga Hanseática, liderada por Hamburg. Possui algumas Igrejas maiores que as daqui e pode ser visitada sem problema em duas horas.
Os de copo vermelho na mão são corajosos. Bebem Glühwein (sangria alemã servida pegando fogo). Nos copos azuis, o bom e velho chocolate quente. Repare que o cachecol já virou acessório essencial...
Fröhlich Weihnacht für alle!
Essa aqui é na cidade vizinha de Lünaburg. Fica a aprox. 50 km de Hamburg e os estudantes podem viajar de graça, ou melhor, portando o Bilhete Semestral (Semesterticket) que compram no início do an letivo. Esse bilhete garante acesso a todos os melios de transporte no Estado de Hamburg - ônibus, metrô, trem e barco.
Lünaburg é a cidade natal de Niklas Luhmann e possui um mercado de Natal incrível. Parece uma vila cinematográfica. Foi muito rica no passado com a exportação de sal - por isso, membro da Liga Hanseática, liderada por Hamburg. Possui algumas Igrejas maiores que as daqui e pode ser visitada sem problema em duas horas.
Os de copo vermelho na mão são corajosos. Bebem Glühwein (sangria alemã servida pegando fogo). Nos copos azuis, o bom e velho chocolate quente. Repare que o cachecol já virou acessório essencial...
Fröhlich Weihnacht für alle!
Feuerzangenbowle - tradição
Feuerzangenbowle. Essa palavra complicada de pronunciar significa, ao pé-da-letra, Ponche das Líguas em Chamas. É uma bebida tradicional alemã consumida especialmente nas vésperas do Natal.
Consiste, igualmente, num filme cult, daqueles clássicos insuperáveis, aqui na Alemanha. Todos os anos, milhares de universitários de todo o país amontoam-se nas salas de cinema e em cineclubes improvisados para assistir ao clássico. Chegam a vê-lo quatro ou cinco vezes durante a vida acadêmica.
Ontem fui com minha turma presenciar essa tradição, como não poderia ser diferente. Fui advertido de que deveria levar comigo um despertador, uma vela e uma lanterna. Não entendi muito bem na hora, mas quando vi o filme percebi porquê. O público inteiro interage com as cenas! Quando um dos personagens usa uma lanterna, todos acendem suas lanternas. O mesmo acontece com o despertador e com a vela.
Produzido em 1944, ainda em preto e branco, o filme se passa numa escola média alemã. Uma comédia jocosa que quase não foi liberada pelo ministério da censura do Reich alemão, por reduzir a autoridade dos professores. No roteiro, os docentes são caricaturados e os estudantes sempre levam a melhor.
Antes de iniciada a exibição, alguns estudantes tentaram alertar para a necessidade de senso crítico ao assistir o longa. Não ver simplesmente porque é tradição. Um filme que foi produzido durante a segunda grande guerra e que passou na censura alemã merece atenção especial. Mas poucos ligaram a mínima ao chamado, enquanto a multidão clamava pelo início do filme.
Foi interessante vivenciar mais esse momento. Embora infundadas, qual a sociedade que vive sem tradições? Pena que, na maioria das vezes, atropelem a razão e o senso crítico.
Abraços!
Consiste, igualmente, num filme cult, daqueles clássicos insuperáveis, aqui na Alemanha. Todos os anos, milhares de universitários de todo o país amontoam-se nas salas de cinema e em cineclubes improvisados para assistir ao clássico. Chegam a vê-lo quatro ou cinco vezes durante a vida acadêmica.
Ontem fui com minha turma presenciar essa tradição, como não poderia ser diferente. Fui advertido de que deveria levar comigo um despertador, uma vela e uma lanterna. Não entendi muito bem na hora, mas quando vi o filme percebi porquê. O público inteiro interage com as cenas! Quando um dos personagens usa uma lanterna, todos acendem suas lanternas. O mesmo acontece com o despertador e com a vela.
Produzido em 1944, ainda em preto e branco, o filme se passa numa escola média alemã. Uma comédia jocosa que quase não foi liberada pelo ministério da censura do Reich alemão, por reduzir a autoridade dos professores. No roteiro, os docentes são caricaturados e os estudantes sempre levam a melhor.
Antes de iniciada a exibição, alguns estudantes tentaram alertar para a necessidade de senso crítico ao assistir o longa. Não ver simplesmente porque é tradição. Um filme que foi produzido durante a segunda grande guerra e que passou na censura alemã merece atenção especial. Mas poucos ligaram a mínima ao chamado, enquanto a multidão clamava pelo início do filme.
Foi interessante vivenciar mais esse momento. Embora infundadas, qual a sociedade que vive sem tradições? Pena que, na maioria das vezes, atropelem a razão e o senso crítico.
Abraços!
domingo, 6 de dezembro de 2009
Pausa
Esta semana, com uma prova de processo civil na sexta e um trabalho de direito civil para concluir, não deverei atualizar o blog com a freqência com que o tenho feito.
Entre os próximos posts estarão: a vida (suada) dos brasucas na Alemanha e o sistema de ensino no país, particularmente o dos juristas.
Abraços a todos!! E comentem os posts anteriores!
Entre os próximos posts estarão: a vida (suada) dos brasucas na Alemanha e o sistema de ensino no país, particularmente o dos juristas.
Abraços a todos!! E comentem os posts anteriores!
Diálogo no Escuro
Ontem (sábado 05.12.2009) vivenciei uma de minhas experiências mais marcantes até o momento na Alemanha. Eu e alguns amigos fomos a uma exposição chamada Dialog im Dunkeln, onde o principal objetivo é possibilitar aos visitantes vivenciar um pouco da batalha diária enfrentada por deficientes visuais, seja ao atravessar uma rua, embarcar, atravessar uma ponte ou simplesmente chegar ao balcão de um bar.
Na entrada da exposição devemos deixar de lado tudo que possa fazer luz. Somos recebidos por um guia (deficiente visual) num quarto semi-escuro e recebemos um "Stick". Com ele deveremos nos movimentar dentro das salas que se seguirão. O guia passa apenas algumas informações antes de entramos em cada sala - "a sala tem 15 metros e alguns obstáculos no caminho". E nos aventurávamos no escuro.
Lá dentro não se vê absolutamente nada. De início há um pouco de medo em não bater em ninguém do grupo, nem ir de encontro aos obstáculos. Mas é inevitável. Nesse momento, impossível não lembra do "Ensaio sobre a cegueira" do mestre Saramago. A sensação de impotência é enorme. Só aos poucos nos acostumamos a usar o stick e tatear bem os objetos.
Por ordem, fomos a uma feira, ao campo (tivemos que atravessar uma ponte estreita), à cidade (atravessar uma rua), ao porto (embarcar num navio) e a um bar. Cada cenário mais desafiador que o anterior.
Entre o porto e o bar, entramos numa sala onde nos deitamos no chão e escutamos por 10 minutos alguns sons. O chão vibra conforme o som reproduzido. No momento em que começamos a ouvir o som do mar, pensei em como um deficiente visual de nascença imagina o oceano.
A mensagem disso tudo é atentar para a qualidade de vida desse grupo, especialmente no Brasil. Na Alemanha tudo é pensado para facilitar a vida de um cego. Desde uma formação específica, a linguagem de Breil em todos os locais, a sinais sonoros nas ruas, a uma sociedade prestativa e cuidadosa.
Em última instância, trata-se de respeitar e admirar essas pessoas, sem subestimá-las. Apesar de simulada, a exposição desperta uma atenção especial para com os que não enxergam. Por isso, essa postagem exclusiva.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Arbeiten - uma boa alternativa
Uma postagem que interessa aos eventuais intercambistas que pretendem estudar na Alemanha. Trabalho!
Desde a semana passada estou cadastrado numa agência de emprego aqui que se chama JobCafe. Ela atua dentro da universidade e mantem uma base de dados com cadastros de alunos e de empregadores. É, sem sombra de dúvidas, a meneira mais fácil de encontrar trabalho por aqui.
Com o visto de estudos, só é possivel trabalhar 20 horas por semana na Alemanha. É mais do que suficiente para conseguir algum dinheiro a parte e não atrapalhar os estudos, nem o lado social por aqui. Além disso, conta enormemente como experiência.
O procedimento é simples: um empregador procura o Job Cafe e relata o perfil do "ajudante" que procuram, geralmente para empregos de um dia só (Tagsjob). Se o perfil e a disponibilidade se encaixam no teu perfil, eles te ligam e fazem a proposta.
Assim, trabalhei semana passada na casa de uma senhora que foi jornalista pelo Spiegel por mais de 25 anos. Ela tinha se mudado e precisava de ajuda para retirar seus livros de caixas e colocá-los nas estantes da nova casa. Recebi 9 euros à hora, sendo que a média alemã é de 7. Isso e uma tarde agradável, junto a uma feminista, que morou na Itália por 10 anos e em Nova Iorque por mais um tempo. Para aprender alemão, nada melhor.
Ontem e hoje trabalhei na maior Igreja de Hamburg, cartão postal da cidade - a Petrikirche. Ontem (03.12.2009) tivemos, eu e outro estudante, que arrumar uma sala de recepções, depois de um café da manhã patrocinado pela Igreja. Hoje (04.12.2009) o trabalho foi pesado. Tivemos, eu e mais 2 estudantes, que desmontar o altar e montá-lo noutra posição, para um concerto que haverá amanhã - não foi tão fácil quanto soa. Levamos 3 horas ao todo. Com isso, já deixei certo o trabalho amanhã, para remontar o palco - sendo que só seremos 2. Recebi 10 euros por hora. Ontem e hoje juntos, 50 euros. Não ouvi Lula, mas cheguei em casa com trintinha no bolso. Acho que valeu a pena.
E com isso, sigo a vida por aqui. Estudando, trabalhando, assistindo a palestras, farrando etc. Agora deixa ir lá, que vou encontrar alguns erasmus. Vamos a um "Singer Slam" (batalha de bandas) no bairro de Altona. É o soldo do trabalho já encontrando seu destino inevitável.
Auf Wiedersehen!
Desde a semana passada estou cadastrado numa agência de emprego aqui que se chama JobCafe. Ela atua dentro da universidade e mantem uma base de dados com cadastros de alunos e de empregadores. É, sem sombra de dúvidas, a meneira mais fácil de encontrar trabalho por aqui.
Com o visto de estudos, só é possivel trabalhar 20 horas por semana na Alemanha. É mais do que suficiente para conseguir algum dinheiro a parte e não atrapalhar os estudos, nem o lado social por aqui. Além disso, conta enormemente como experiência.
O procedimento é simples: um empregador procura o Job Cafe e relata o perfil do "ajudante" que procuram, geralmente para empregos de um dia só (Tagsjob). Se o perfil e a disponibilidade se encaixam no teu perfil, eles te ligam e fazem a proposta.
Assim, trabalhei semana passada na casa de uma senhora que foi jornalista pelo Spiegel por mais de 25 anos. Ela tinha se mudado e precisava de ajuda para retirar seus livros de caixas e colocá-los nas estantes da nova casa. Recebi 9 euros à hora, sendo que a média alemã é de 7. Isso e uma tarde agradável, junto a uma feminista, que morou na Itália por 10 anos e em Nova Iorque por mais um tempo. Para aprender alemão, nada melhor.
Ontem e hoje trabalhei na maior Igreja de Hamburg, cartão postal da cidade - a Petrikirche. Ontem (03.12.2009) tivemos, eu e outro estudante, que arrumar uma sala de recepções, depois de um café da manhã patrocinado pela Igreja. Hoje (04.12.2009) o trabalho foi pesado. Tivemos, eu e mais 2 estudantes, que desmontar o altar e montá-lo noutra posição, para um concerto que haverá amanhã - não foi tão fácil quanto soa. Levamos 3 horas ao todo. Com isso, já deixei certo o trabalho amanhã, para remontar o palco - sendo que só seremos 2. Recebi 10 euros por hora. Ontem e hoje juntos, 50 euros. Não ouvi Lula, mas cheguei em casa com trintinha no bolso. Acho que valeu a pena.
E com isso, sigo a vida por aqui. Estudando, trabalhando, assistindo a palestras, farrando etc. Agora deixa ir lá, que vou encontrar alguns erasmus. Vamos a um "Singer Slam" (batalha de bandas) no bairro de Altona. É o soldo do trabalho já encontrando seu destino inevitável.
Auf Wiedersehen!
Brasil na vitrine
A conferência Brasi-Alemanha: tempo de uma nova parceria econômica deixou bem claro seu objetivo. Transferir tecnologia da Alemanha para o Brasil, em termos de logística aeroportuária, energética e de infra-estrutura. Tudo com vistas à Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
A delegação brasileira era composta por diversos ministros, muitos mais do que os nomes que citei na postagem anterior. Entre eles, Dilma Rousseff, Guido Mantega e Pedro Brito (Ministro dos Portos). Do lado alemão, o mesmo naipe de autoridades, mas especialmente empresários das maiores companhias alemãs. Todas as apresentações brasileiras continham números que demonstravam vertical crescimento econômico no Brasil desde 2003, passando uma imagem de segurança econômica e jurídica aos potenciais investidores internacionais. A Alemanha, pelo histórico de excelência nos setores acima, está na cabeça da lista entre os investidores almejados pelo Brasil.
Infelizmente não pude ouvir a fala de Lula. Após receber a confirmação para participar no evento, fui informado que não poderia mais estar presente, por "questões de segurança". Então, aceitei um trabalho para hoje de manhã, na hora da fala de Lula. Mas quando terminei, na hora do almoço, passei na Rathaus para ver o andamento do evento e conheci uma turma grande de brasileiros, todos a espera do presidente.
Cheguei com minha autorização (revogada) e consegui entrar. Mas as falas do turno da manhã já tinham sido encerradas e o pessoal estava seguindo para um buffet, num restaurante que fica em baixo da Rathaus. Bendita autorização! O almoço estava espetacular! Com direito a repetição, sobremesa e cafezinho. Tudo, vale ressaltar, 0-800.
Durante a tarde falaram Paulo Godoy (Abdib) Pedro Brito, Murilo Barboza (Infraero) e um representante da Petrobras. Já não havia mais a esteria em torno de Lula. Dessa vez eram só os empresários e os brasileiros na mesa de negociações. Achei interessante a fala de Pedro Brito. Usou muitos dados e pintou um quadro otimista (como não podia ser diferente) da situação futura dos portos no país - colocando-os como motor do desenvolvimento brasileiro. Nesse ponto, não há cidade melhor que Hamburgo para nos ajudar nessa empreitada.
Basicamente, colocou que o modelo portuário brasileiro é semelhante ao alemão, no qual os portos são administrados pelo Estado, mas com 100% de investimentos privados. A única diferença é que na Alemanha o responsável pela administração é o governo estadual, não o federal, como no Brasil. Mostrou a atuação do Brasil no sentido de fornecer a segurança jurídica necessária aos investidores e falou na possibilidade de Joint Ventures entre companhias brasileiras e alemãs, no sentido de construção de terminais interios privados (caso da Odebrecht e Thyssen Krupp num porto d do Rio). Falou inúmeras vezes na necessidade de um "marco regulatório atrativo ao setor privado".
Nesse ponto é preciso ter bastante cuidado e não abrir as pernas de vez na busca voraz por investimentos internacionais - até porque nessas parcerias nem sempre há a desejada "transferência de tecnologia e de Know-How". Outra necessidade mencionada está em inverter a lógica Este-Oeste, passando para uma Norte-Sul, na qual os atores do Sul podem assumir papéis mais importantes no jogo econômico mundial.
Alguns dos dados mais interessantes: Hamburg movimenta, anualmente, 6 milhões de peus (não sei se essa é a denominação correta...). O Brasil inteiro, 8 milhões. O maior porto do mundo, Singapura, 30 milhões, e Xangai, o segundo maior do mundo, 29 milhões. Ainda temos muito o que crescer... Só na Ásia encontram-se 6 dos 10 maiores portos do mundo. Há 10 anos, não havia nenhum lá.
Recolhi bastante material publicitário, revistas e dossiers com dados, que pretendo levar ao Brasil. Esse foi um dia espetacular em Hamburg!
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Palestra com Lula e Gabrielli
Está confirmado!
Quem diria que eu iria a uma conferência com o Presidente da República do Brasil na Rathaus de Hamburg? Isso, sinceramente, nunca imaginei. Me inscrevi, de graça, e recebi a confirmação agora.
Próximo dia 4 de dezembro Lula virá a Hamburg, junto com Sérgio Gabrielli (Petrobras), Luciano Coutinho (BNDES), Murilo Barboza (Infraero), Marco Antônio Martins Alemeida (Secretário de Óleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia), Paulo Okamotto (Sebrae), Reginaldo Arcuri (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e Sérgio Resende (Ministro da Ciência e Tecnologia), entre outros.
O tema da conferência será: Brasil-Alemanha: tempo para uma nova parceria econômica. Um dos focos será, justamente, a copa do mundo de 2014 e os jogos olímpicos de 2016. E a Alemanha certamente não quer deixar passar essa oportunidade de inserção no mercado brasileiro. Do lado alemão estão diversas autoridades de setores idênticos - portos, aeroportos, energia, comércio de maneira geral.
É Lula fazendo melhor aquilo que o professor formado na Sorbonne não chegou nem perto de fazer. A representação do Brasil nunca foi tão forte e pujante em todo o mundo como é agora. Um evento desse tamanho significaria outra coisa?
Depois relatarei brevemente as principais falas. Grandes abraços!
Quem diria que eu iria a uma conferência com o Presidente da República do Brasil na Rathaus de Hamburg? Isso, sinceramente, nunca imaginei. Me inscrevi, de graça, e recebi a confirmação agora.
Próximo dia 4 de dezembro Lula virá a Hamburg, junto com Sérgio Gabrielli (Petrobras), Luciano Coutinho (BNDES), Murilo Barboza (Infraero), Marco Antônio Martins Alemeida (Secretário de Óleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia), Paulo Okamotto (Sebrae), Reginaldo Arcuri (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e Sérgio Resende (Ministro da Ciência e Tecnologia), entre outros.
O tema da conferência será: Brasil-Alemanha: tempo para uma nova parceria econômica. Um dos focos será, justamente, a copa do mundo de 2014 e os jogos olímpicos de 2016. E a Alemanha certamente não quer deixar passar essa oportunidade de inserção no mercado brasileiro. Do lado alemão estão diversas autoridades de setores idênticos - portos, aeroportos, energia, comércio de maneira geral.
É Lula fazendo melhor aquilo que o professor formado na Sorbonne não chegou nem perto de fazer. A representação do Brasil nunca foi tão forte e pujante em todo o mundo como é agora. Um evento desse tamanho significaria outra coisa?
Depois relatarei brevemente as principais falas. Grandes abraços!
Dois meses - retrospectiva
É incrível!
Dois meses já se passaram, numa velocidade que a física jamais conseguirá explicar. Desde que cheguei, a paisagem mudou consideravelmente. O que era outono, com um arco-íris de folhas rosas, amarelas, verdes e laranjas hoje são galhos vazios. Onde havia o som das folhas balançadas pelo vento, agora há silêncio. Próximo passo será o manto branco cobrindo boa parte da cidade.
A experiência continua enriquecedora. A possibilidade de estudar noutro país, com uma língua completamente diferente, com uma cultura diversa da nossa e sozinho representa um desafio enorme. Mas um que acredito estar superando a cada dia, aproveitando ao máximo. A barreira da língua vai sendo aos poucos dobrada; a cultura vai sendo respeitada e assimilada (sem jamais esquecer as raízes nordestinas) e o fato de morar só passa a ser visto pelo lado positivo, no sentido de amadurecimento pessoal.
Fazendo uma retropsectiva da viagem até aqui, sinto que faltou apenas um coisa coisa: viajar mais. Mas esse "problema" está parcialmente resolvido. No Natal embarcarei para Suíça, onde passarei 6 dias na casa de parentes. Na agenda está, pelo menos, turismo em Genebra e, quem sabe, até pinta uma esquiada nos alpes.
Em Janeiro já tenho passagem comprada para Estocolmo, capital sueca, onde passarei três dias, com Jatin, italiano do Süd Tirol. A passagem custou impressionantes 12 euros (sendo 10 das taxas do cartão de crédito) - numa das promoções da Ryanair por aqui. Ainda em Dezembro planejo passar um dia em Bremen, cidade vizinha a Hamburg, e Lübeck, vilarejo igualmente próximo, que todos dizem ser incrivelmente belo. Para o ano que vem ficará também a visita a Amsterdan e Copenhagen, aí sim, um sonho realizado.
Entre as atividades previstas estão, já para essa semana, um jantar num restaurante para cegos, chamado Dialog im Dunkel (Diálogo no Escuro) e nova ida ao Fórum Criminal. No decorrer do mês, visita a Casa de Detenção de Hamburg e ao Planetário. Uma visita ao Mundo em Miniatura também não é descartada.
Na universidade, tudo corre perfeitamente. Já consigo entender bem as aulas e também tenho os livros e manuscritos das disciplinas. As provas já começam na segunda semana de janeiro, mas farei apenas quatro avaliações. A rotina de estudos já está sedimentada, contando inclusive com um ou outro trabalho diário. O importante, no entanto, é não deixar o espírito de intercambista esmorecer. Por outras palavras, nunca deixar de se fascinar com uma paisagem bonita, ainda que cotidiana; de estar aberto a novas amizades e experiências; de buscar o desconhecido; de estar inquieto; de ter em mente que já já acaba... Quem não desenvolve esse sentimento não merece estar aqui.
Que venha o desafio! Ou seria oportunidade? Pois que venham ambos! Estamos preparados!
Dois meses já se passaram, numa velocidade que a física jamais conseguirá explicar. Desde que cheguei, a paisagem mudou consideravelmente. O que era outono, com um arco-íris de folhas rosas, amarelas, verdes e laranjas hoje são galhos vazios. Onde havia o som das folhas balançadas pelo vento, agora há silêncio. Próximo passo será o manto branco cobrindo boa parte da cidade.
A experiência continua enriquecedora. A possibilidade de estudar noutro país, com uma língua completamente diferente, com uma cultura diversa da nossa e sozinho representa um desafio enorme. Mas um que acredito estar superando a cada dia, aproveitando ao máximo. A barreira da língua vai sendo aos poucos dobrada; a cultura vai sendo respeitada e assimilada (sem jamais esquecer as raízes nordestinas) e o fato de morar só passa a ser visto pelo lado positivo, no sentido de amadurecimento pessoal.
Fazendo uma retropsectiva da viagem até aqui, sinto que faltou apenas um coisa coisa: viajar mais. Mas esse "problema" está parcialmente resolvido. No Natal embarcarei para Suíça, onde passarei 6 dias na casa de parentes. Na agenda está, pelo menos, turismo em Genebra e, quem sabe, até pinta uma esquiada nos alpes.
Em Janeiro já tenho passagem comprada para Estocolmo, capital sueca, onde passarei três dias, com Jatin, italiano do Süd Tirol. A passagem custou impressionantes 12 euros (sendo 10 das taxas do cartão de crédito) - numa das promoções da Ryanair por aqui. Ainda em Dezembro planejo passar um dia em Bremen, cidade vizinha a Hamburg, e Lübeck, vilarejo igualmente próximo, que todos dizem ser incrivelmente belo. Para o ano que vem ficará também a visita a Amsterdan e Copenhagen, aí sim, um sonho realizado.
Entre as atividades previstas estão, já para essa semana, um jantar num restaurante para cegos, chamado Dialog im Dunkel (Diálogo no Escuro) e nova ida ao Fórum Criminal. No decorrer do mês, visita a Casa de Detenção de Hamburg e ao Planetário. Uma visita ao Mundo em Miniatura também não é descartada.
Na universidade, tudo corre perfeitamente. Já consigo entender bem as aulas e também tenho os livros e manuscritos das disciplinas. As provas já começam na segunda semana de janeiro, mas farei apenas quatro avaliações. A rotina de estudos já está sedimentada, contando inclusive com um ou outro trabalho diário. O importante, no entanto, é não deixar o espírito de intercambista esmorecer. Por outras palavras, nunca deixar de se fascinar com uma paisagem bonita, ainda que cotidiana; de estar aberto a novas amizades e experiências; de buscar o desconhecido; de estar inquieto; de ter em mente que já já acaba... Quem não desenvolve esse sentimento não merece estar aqui.
Que venha o desafio! Ou seria oportunidade? Pois que venham ambos! Estamos preparados!