sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Brasil na vitrine


A conferência Brasi-Alemanha: tempo de uma nova parceria econômica deixou bem claro seu objetivo. Transferir tecnologia da Alemanha para o Brasil, em termos de logística aeroportuária, energética e de infra-estrutura. Tudo com vistas à Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

A delegação brasileira era composta por diversos ministros, muitos mais do que os nomes que citei na postagem anterior. Entre eles, Dilma Rousseff, Guido Mantega e Pedro Brito (Ministro dos Portos). Do lado alemão, o mesmo naipe de autoridades, mas especialmente empresários das maiores companhias alemãs. Todas as apresentações brasileiras continham números que demonstravam vertical crescimento econômico no Brasil desde 2003, passando uma imagem de segurança econômica e jurídica aos potenciais investidores internacionais. A Alemanha, pelo histórico de excelência nos setores acima, está na cabeça da lista entre os investidores almejados pelo Brasil.

Infelizmente não pude ouvir a fala de Lula. Após receber a confirmação para participar no evento, fui informado que não poderia mais estar presente, por "questões de segurança". Então, aceitei um trabalho para hoje de manhã, na hora da fala de Lula. Mas quando terminei, na hora do almoço, passei na Rathaus para ver o andamento do evento e conheci uma turma grande de brasileiros, todos a espera do presidente.

Cheguei com minha autorização (revogada) e consegui entrar. Mas as falas do turno da manhã já tinham sido encerradas e o pessoal estava seguindo para um buffet, num restaurante que fica em baixo da Rathaus. Bendita autorização! O almoço estava espetacular! Com direito a repetição, sobremesa e cafezinho. Tudo, vale ressaltar, 0-800.

Durante a tarde falaram Paulo Godoy (Abdib) Pedro Brito, Murilo Barboza (Infraero) e um representante da Petrobras. Já não havia mais a esteria em torno de Lula. Dessa vez eram só os empresários e os brasileiros na mesa de negociações. Achei interessante a fala de Pedro Brito. Usou muitos dados e pintou um quadro otimista (como não podia ser diferente) da situação futura dos portos no país - colocando-os como motor do desenvolvimento brasileiro. Nesse ponto, não há cidade melhor que Hamburgo para nos ajudar nessa empreitada.

Basicamente, colocou que o modelo portuário brasileiro é semelhante ao alemão, no qual os portos são administrados pelo Estado, mas com 100% de investimentos privados. A única diferença é que na Alemanha o responsável pela administração é o governo estadual, não o federal, como no Brasil. Mostrou a atuação do Brasil no sentido de fornecer a segurança jurídica necessária aos investidores e falou na possibilidade de Joint Ventures entre companhias brasileiras e alemãs, no sentido de construção de terminais interios privados (caso da Odebrecht e Thyssen Krupp num porto d do Rio). Falou inúmeras vezes na necessidade de um "marco regulatório atrativo ao setor privado".

Nesse ponto é preciso ter bastante cuidado e não abrir as pernas de vez na busca voraz por investimentos internacionais - até porque nessas parcerias nem sempre há a desejada "transferência de tecnologia e de Know-How". Outra necessidade mencionada está em inverter a lógica Este-Oeste, passando para uma Norte-Sul, na qual os atores do Sul podem assumir papéis mais importantes no jogo econômico mundial.

Alguns dos dados mais interessantes: Hamburg movimenta, anualmente, 6 milhões de peus (não sei se essa é a denominação correta...). O Brasil inteiro, 8 milhões. O maior porto do mundo, Singapura, 30 milhões, e Xangai, o segundo maior do mundo, 29 milhões. Ainda temos muito o que crescer... Só na Ásia encontram-se 6 dos 10 maiores portos do mundo. Há 10 anos, não havia nenhum lá.

Recolhi bastante material publicitário, revistas e dossiers com dados, que pretendo levar ao Brasil. Esse foi um dia espetacular em Hamburg!

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